UNIDADE-05
Figuras
de linguagem
As figuras de
linguagem são recursos linguísticos a que os autores recorrem para
tornar a linguagem mais rica e expressiva. Esses recursos revelam a
sensibilidade de quem os utiliza, traduzindo particularidades estilísticas do
emissor da linguagem. As figuras de linguagem exprimem também o pensamento de
modo original e criativo, exploram o sentido não literal das palavras, realçam
sonoridade de vocábulos e frases e até mesmo, organizam orações,
afastando-a, de algum modo, de uma estrutura gramatical padrão, a fim de dar
destaque a algum de seus elementos. As figuras de linguagem costumam ser
classificadas em figuras de som, figuras de
construção e figuras de palavras
ou semânticas.
Para dominarmos o uso
das figuras de linguagem de maneira correta, estudaremos, de modo sintetizado,
os conceitos de denotação e conotação.
Denotação
Ocorre denotação
quando a palavra é empregada em sua significação usual, literal, referindo-se a
uma realidade concreta ou imaginária.
Já é a quinta vez
que perco as chaves do meu armário
Aquela sobremesa
estava muito azeda, não gostei.
Conotação
Ocorre a conotação
quando a palavra é empregada em sentido figurado, associativo, possibilitando
várias interpretações. Ou seja, o sentido conotativo tem a propriedade de
atribuir às palavras significados diferentes de seu sentido original.
A chave da
questão é você ser feliz independente do momento
Margarida é uma
mulher azeda, está sempre de péssimo humor.
Podemos perceber que
as palavras chave e azeda ganham
novos sentidos além dos quais encontramos nos dicionários. O sentido das
palavras está de acordo com a ideia que o emissor quis transmitir. Sendo assim,
a conotação é um recurso que consiste em atribuir novos significados ao sentido
denotativo da palavra.
01-
Figuras de som ou sonoras
As figuras de som ou
figuras sonoras são aquelas que se utilizam de efeitos da linguagem para
reproduzir os sons presentes nos seres. São as seguintes: aliteração,
assonância, paronomásia e onomatopeia.
Aliteração: consiste na repetição ordenada de
mesmos sons consonantais.
“Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando...Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito”.
(Guimarães Rosa)
Assonância: consiste na repetição ordenada de
mesmos sons vocálicos.
Paronomásia: consiste na aproximação de palavras
de sons parecidos, mas de significados distintos.
“Conhecer as manhas e
as manhãs/ O sabor das massas e das maçãs”.
(Almir Sater e Renato Teixeira)
Onomatopeia: consiste na criação de uma palavra para
imitar sons e ruídos. É uma figura que procura imitar os ruídos e não apenas
sugeri-los.
Chega de
blá-blá-blá-blá!
É importante destacar
que a existência de uma figura de linguagem não exclui outras. Em um mesmo
texto podemos encontrar aliteração, assonância, paronomásia e onomatopeia.
02-
Figuras de construção ou sintaxe
As figuras de
construção ou figuras de sintaxe são desvios que são evidenciados na construção
normal do período. Elas ocorrem na concordância, na ordem e na construção dos termos
da oração. São as seguintes: elipse, zeugma, pleonasmo, assíndeto,
polissíndeto, anacoluto, hipérbato, hipálage, anáfora e silepse.
Elipse: consiste na omissão de um termo
facilmente identificável pelo contexto.
Na sala, apenas
quatro ou cinco convidados. (omissão de havia)
Zeugma: ocorre quando se omite um termo que
já apareceu antes. Ou seja, consiste na elipse de um termo que antes fora
mencionado.
Nem ele entende a
nós, nem nós a ele. (omissão
do termo entendemos)
Pleonasmo: é uma redundância cuja finalidade é
reforçar a mensagem.
Assíndeto: é a supressão de um conectivo entre
elementos coordenados
Acordei, levantei,
comi, saí, trabalhei, voltei.
Polissíndeto: consiste na repetição de conectivos
ligando termos da oração ou elementos do período.
Anacoluto: consiste em deixar um termo solto
na frase. Isso ocorre, geralmente, porque se inicia uma determinada construção
sintática e depois se opta por outra.
“Eu, que me
chamava de amor e minha esperança de amor.”
“Aquela mina de
ouro, ela não ia deixar que outras espertas botassem as mãos.” (Camilo
Castelo Branco)
Os termos destacados
não se ligam sintaticamente à oração. Embora esclareçam a frase, não cumprem
nenhuma função sintática nos exemplos.
Hipérbato ou
Inversão:
consiste no deslocamento dos termos da oração ou das orações no período. Ou
seja, é a mudança da ordem natural dos termos na frase.
São como cristais
suas lágrimas.
Batia acelerado meu
coração.
Na ordem direta, as
frases dos exemplos expostos seriam:
Suas lágrimas são
como cristais.
Meu coração batia
acelerado.
Hipálage: ocorre quando se atribui a uma palavra
uma característica que pertence a outra da mesma frase:
Esse sapato não
entra no meu pé! (=
Eu não entro nesse sapato!)
Essa blusa não cabe
em mim. (= Eu não
caibo mais nessa blusa.)
Anáfora: é a repetição da mesma palavra ou
expressão no início de várias orações, períodos ou versos.
Silepse: ocorre quando a concordância se faz
com a ideia subentendida, com o que está implícito e não com os termos
expressos. A silepse pode ser:
De gênero:
Vossa excelência é
pouco conhecido. (concorda com a pessoa representada pelo pronome)
De número:
Corria gente de
todos os lados, e gritavam. (gente dá ideia de plural, gritavam
concorda com “gente”)
De pessoa
Os
brasileiros somos bastante otimistas. (brasileiros dá
ideia de nós (1º p. do plural) somos, 1º p. do plural “concorda” com “somos”)
03-
Figuras de palavras ou semânticas
Consistem no emprego
de uma palavra num sentido não convencional, ou seja, num sentido conotativo.
São as seguintes: comparação, metáfora, catacrese, metonímia, antonomásia,
sinestesia, antítese, eufemismo, gradação, hipérbole, prosopopeia, paradoxo,
perífrase, apóstrofe e ironia.
Comparação ou símile: ocorre comparação quando se
estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados por
nexos comparativos explícitos, como tal qual, assim como, que
nem e etc. A principal diferenciação entre a comparação e a metáfora é a presença dos nexos comparativos.
Metáfora: consiste em empregar um termo com
significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre
o sentido próprio e o sentido figurado. Na metáfora ocorre uma comparação em
que o conectivo comparativo fica subentendido.
“Meu pensamento é
um rio subterrâneo”. (Fernando Pessoa)
Catacrese: ocorre quando, por falta de um
termo específico para designar um conceito, toma-se outro por empréstimo.
Ele comprou dois
dentes de alho para colocar na comida.
O pé da
mesa estava quebrado.
Não sente no braço
do sofá.
Metonímia: assim como a metáfora, consiste
numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa
uma coisa passa a ser utilizada com outro sentido. Ou seja, é o emprego de um
nome por outro em virtude de haver entre eles algum relacionamento. A metonímia
ocorre quando se emprega:
A causa pelo
efeito: vivo do meu trabalho (do produto do
trabalho = alimento)
O efeito pela
causa: aquele poeta bebeu a morte (= veneno)
O instrumento pelo
usuário: os microfones corriam no pátio =
repórteres).
Antonomásia: É a figura que designa uma pessoa
por uma característica, feito ou fato que a tornou notória.
A cidade eterna (em vez de Roma)
Sinestesia: Trata-se de mesclar, numa
expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos sensoriais.
Um doce
abraço ele recebeu da irmã. (sensação gustativa e sensação tátil)
Antítese: é o emprego de palavras ou
expressões de significados opostos.
Os jardins têm vida e morte.
Eufemismo: consiste em atenuar um pensamento
desagradável ou chocante.
Ele sempre faltava
com a verdade (=
mentia)
Gradação ou clímax: é uma sequência de palavras que
intensificam uma ideia.
Porque gado a
gente marca, / tange, ferra, engorda e mata,/
mas com gente é diferente.
Hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com
finalidade enfática.
Estou morrendo de
sede!
Não vejo você
há séculos!
Prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres
inanimados características próprias dos seres humanos.
O jardim olhava as
crianças sem dizer nada.
Paradoxo: consiste no uso de palavras de
sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas, no contexto se
completam, reforçam uma ideia e/ou expressão.
Estou cego,
mas agora consigo ver.
Perífrase: é uma expressão que designa um ser
por meio de alguma de suas características ou atributos.
O ouro
negro foi o grande assunto do século. (= petróleo)
Apóstrofe: é a interpelação enfática de
pessoas ou seres personificados.
Ironia: é o recurso linguístico que
consiste em afirmar o contrário do que se pensa.
Que pessoa educada!
Entrou sem cumprimentar ninguém.
Referências
bibliográficas:
TERRA, Ernani.
Minigramática.São Paulo: Scipione, 2007.
ALMEIDA, Nílson
Teixeira de. Gramática da Língua Portuguesa para concursos. São Paulo: Saraiva,
2009.
1) Classifique as figuras de linguagem das frases
abaixo:
a) Os poemas são pássaros que chegam.
b) Se não fosse pelo atalho levaria um século para
chegar.
c) “Quando eu cerrar os olhos moribundos / tu
chorarás por mim um pranto saudoso.”
d) Amo caldo de cana. Já tomei três copos.
e) Com o dinheiro compraria dez cabeças de gado.
f) Minha vida é o vento, sempre em movimento.
g) Percebi que seu amigo não se prende muito aos
bons modos.
h) “Mas dentro de mim (...) o coração grita – Mentira!”
i) Vou pra Jonas Esticado no Parque do Povo. Bora?!
j) Foi reprovada de novo? Parabéns para você!
k) Meu Deus! Estou sem WI-FI! Vou morrer!
l) Meu coração me diz que não estou sozinho.
m) Você já leu Paulo Coelho?
n) Você é claridade na minha escuridão.
o) Notei que sua amiga não é muito chegada à
gentileza.
p) De que adianta eu ser durão e o coração ser
vulnerável?
q) Dia e noite para mim são a mesma coisa sem você.
r) Quanto mais eu pago, mais a minha dívida aumenta
com esse banco.
s) Seus olhos me dizem tudo que eu quero ouvir.
t) Ela chorou um mar de lágrimas.
u) Sou alérgica a gatos.
v) Aquele rapaz é desprovido de beleza.
3. Aponte a figura: “Naquela
terrível luta, muitos adormeceram para sempre”.
a)Antítese
b)Eufemismo
c)Hipérbole
d)Prosopopéia
e)Metonímia
4. Na expressão “A natureza pode estar chorando”
temos:
a) antítese
b) catacrese
c) ironia
d)personificação
e) eufemismo
6. “Eu já lhe disse um bilhão de vezes para não
exagerar quando falar!”
a) comparação
b) hipérbole
c) ironia
d) prosopopéia
e)catacrese
7. “A confiança é uma mulher ingrata
Que te beija e te abraça
Te rouba e te mata [...]”
(Racionais)
Podemos afirmar que esse trecho foi construído por
meio de uma figura de linguagem denominada de:
a) comparação
b) prosopopéia
c) metáfora
d) metonímia
e) ironia
8. Na frase: "Não se esqueça de
levar o som, pois churrasco sem música é entediante", em relação ao
termo "som" é correto dizer que ocorre:
a) metáfora
b) metonímia
c) eufemismo
d) onomatopeia
e)catacrese
9. O procedimento de construção textual que
consiste em agrupar ideias de sentidos contrários ou contraditórios numa mesma
unidade de significação é denominado:
a) metáfora
b) hipérbole
c) paradoxo
d) ironia
e) comparação
10. Que figura de linguagem há na imagem abaixo:
11. A imagem abaixo tem a seguinte figura de
linguagem:
a) Antítese
b) Comparação
c) Onomatopeia
d) Catacrese
e) Eufemismo
Muito bom professor
ResponderEliminarAjudou muito 🤗