terça-feira, 21 de abril de 2020

Unidade- 01: História da origem e formação da Língua Portuguesa


UNIDADE- 01

HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA: FORMAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE UMA LÍNGUA NAVEGANTE
A história da formação da língua portuguesa, sob o ponto de vista social e cultural.
Para o presente estudo, considerar-se-ão os seguintes pontos relevantes:
O contexto histórico de Roma;
A origem latina do português;
A expansão da língua portuguesa;
A transição do português arcaico para o contemporâneo;
A chegada e a fixação do português no Brasil
A língua constitui um sistema vivo de comunicação que privilegia a mútua compreensão e entendimento de um determinado povo. Ao adentrar-se no estudo de uma língua, estudam-se os fatos do contexto histórico, bem como os acontecimentos que promoveram, direta ou indiretamente, sua origem. No que diz respeito à história da língua portuguesa, faz-se necessária uma busca histórico-geográfica, desde sua origem até sua implantação no Brasil.
1- Das origens e formação da Língua Portuguesa

A origem da língua portuguesa está ligada ao latim – língua falada pelo povo romano, que se situava no pequeno estado da Península Itálica, o Lácio. A transformação do latim em língua portuguesa se deu por consequência de conflitos e transformações político-histórico-geográficas desse povo. Isso aconteceu por volta do século III a.C., quando os romanos ocuparam a Península Ibérica através de conquistas militares e impuseram aos vencidos seus hábitos, suas instituições, seus padrões de vida e, principalmente, sua língua, que reflete a cultura.
Existiam duas modalidades do latim: o latim vulgar e o latim clássico. O vulgar, de vocabulário reduzido, falado por aqueles que encaravam a vida fazendo uso de uma linguagem sem preocupações estilísticas na fala e na escrita, dotado de variação linguística notável, uma vez que era uma modalidade somente falada, sendo, pois, suscetível a frequentes alterações. Já o latim clássico caracterizava-se pela erudição da oralidade e das produções textuais de pessoas ilustres da sociedade e de escritores, sendo uma linguagem complexa e elitizada. Das duas modalidades existentes, a que era imposta aos povos vencidos era a vulgar, pois essa fora a língua predominante dos povos navegantes que exploravam novas terras para novas conquistas.
Decorridos alguns séculos, o latim predominou sobre as línguas e dialetos falados em várias regiões. Dessa maneira, formaram-se diversas línguas dentro da região de domínio de Roma, ou seja, do Império Romano, onde se originaram as línguas românicas, também chamadas de neolatinas, (diz-se românicas todas as línguas que têm sua origem no latim e que ocupam parte do território conquistado pelos romanos), das quais nossa língua portuguesa é oriunda.
O português que se fala hoje no Brasil é resultado de muitas transformações de acréscimos e/ou supressões de ordens morfológica, sintática e fonológica.
Essas transformações passaram por três fases distintas: desde o galego-português (língua que predominou nos séculos VIII ao XIII), dissociando-se posteriormente do galego e dando, assim, surgimento ao português arcaico (séculos XIV ao XVI), que, por conseguinte, tornou-se português clássico (língua de Camões), perpassando ainda por outros dialetos até chegar ao português contemporâneo brasileiro.

2- Da implantação da Língua Portuguesa no Brasil
Portugal ficou conhecido pelas grandes navegações que realizara. No século XV e XVI, através dos movimentos colonialistas e de propagação do catolicismo, Portugal espalhou pelo mundo a língua portuguesa. Como, então, chegou a este solo essa língua navegante?
Ao Brasil, a Língua Portuguesa foi trazida no século XVI através do “descobrimento”. O português era imposto às línguas nativas que havia aqui como língua oficial ou modificava-se dando origem a outros dialetos. Mas houve um longo processo para que o português se tornasse idioma reconhecido por Portugal e se fixasse no território brasileiro.
Quando os portugueses desembarcaram na costa brasileira, estima-se que havia aqui 1.200 povos indígenas, falantes de aproximadamente mil línguas diferentes. Além dessa diversidade étnica e linguística, foram trazidos ainda cerca de 4 milhões de africanos de diversas culturas para trabalhar como escravos. Essa pluralidade linguístico-cultural fortaleceu as bases da construção da identidade do português brasileiro. Isso se deu em detrimento dos interesses políticos e comerciais de Portugal, que tomara algumas medidas radicais, entre elas a proibição do uso das línguas gerais (diz-se da língua falada no Brasil colonial como língua de contato entre índios, portugueses e seus descendentes), e a imposição do português como língua oficial.
O contato entre indígenas, africanos e imigrantes vários que vieram de algumas regiões da Europa favoreceu o chamado multilinguísmo. Além da fase bilíngue pela qual passara o português, o multilinguísmo contribuiu (e ainda contribui) para a formação identitária do português brasileiro.
Sabe-se, pois, que o léxico, por exemplo, de uma língua não é estático, está aberto a novas incorporações: aceita o apagamento de algumas palavras ou a substituição de outras. Esse fenômeno ocorreu, e ainda ocorre, com muita frequência no nosso idioma português. As línguas indígenas, por exemplo, contribuíram para o enriquecimento vocabular da botânica (nomes de plantas), da fauna (nomes de animais), da toponímia (nomes de lugares) e da onomástica (nomes de pessoas) do português do Brasil.
Justifica-se ainda o multilinguísmo com a forte influência das línguas e dialetos africanos que chegaram ao Brasil, tal influência incrementou, por exemplo, a linguagem religiosa do candomblé, uma manifestação da cultura africana.
A implantação do português no Brasil é marcada por quatro momentos distintos, períodos significativos para esse processo de implantação: O primeiro momento vai da colonização até a saída dos holandeses do Brasil em 1654; o segundo começa com a saída dos holandeses e vai até a chegada da família real portuguesa ao Brasil em 1808; já o terceiro, finda com a independência do Brasil em 1822. Por fim, o quarto momento se inicia 1826, com a transformação da língua do colonizador em língua da nação brasileira.
O português brasileiro sofreu profundas mudanças para chegar ao português que se fala hoje. Entretanto, ainda está num processo de construção de sua própria identidade.
Referências Consultadas
BUENO, Joaquim Silveira. Dicionário da língua portuguesa. São Paulo: FTD, 2000.
CÂMARA JR., Joaquim Matoso. História e estrutura da língua portuguesa. 2ed. Rio de Janeiro: Padrão, 1979.
HAUY, Amini Boainain. História da língua português: séculos XII, XIII e XIV. São
Paulo: Ática, 1989.
ILARI, Rodolfo. Linguística românica. 2ed. São Paulo: Ática, 1997.
MAIA, João Domingues. Português. São Paulo: Ática, 2000.
MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. Para a história do português brasileiro: primeiros estudos. São Paulo: USP, 2001.
TERSARIOL, Alpheu. Biblioteca da língua portuguesa. 7ª ed. São Paulo: Lisa, 1968.
VIEGAS, Rui. Da origem, formação e consolidação do português: breve história externa da língua portuguesa.







Exercícios sobre história e origem da Língua Portuguesa

1) Preencha a cruzadinha com línguas originadas do latim.

P
O
R
T
U
G
U
Ê
S


2) Observe o grupo de palavras e agrupe-as conforme a origem dos vocábulos:
            Acarajé   farofa    garrafa     fubá    jabá     laranja     moqueca   axé     Iemanjá    macumba     Xangô   bobó    café     enxaqueca    esfirra     fulano     Imbecil   Incesto     Ônibus     matraca     Prematuro


ÁRABE
AFRICANA
INDÍGENA
LATINA
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      
·                      

                                                                                                                                                                   
3) Indique, no mapa, os países que falam a Língua Portuguesa.





4) Leia com atenção os textos abaixo:

Texto I
Um ato  de criatividade pode gerar um modelo produtivo. Foi  o que  aconteceu  com a  palavra  sambódromo, criativamente formada  com a  terminação -(o)dromo (=corrida), que  figura  em  hipódromo,  autódromo, cartódromo, formas  que designam   itens culturais da alta  burguesia. Não demoraram a  circular, a  partir de  então, formas populares como  rangódromo, beijódromo, camelódromo.
AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008
Texto  II
Existe coisa mais descabida do que chamar de sambódromo  uma  passarela para desfile de escolas de samba? Em grego, -dromo quer  dizer  “ação de correr, lugar de corrida”, daí  as  palavras autódromo e  hipódromo. É  certo que, às   vezes, durante  o desfile, a escola se  atrasa e é  obrigada a correr para não perder  pontos, mas  não se descoloca a velocidade de um cavalo  ou de  um carro de  Fórmula 1.
GULLAR, F. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 3 ago. 2012.
     Há  nas línguas  mecanismos geradores de palavras. Embora o  texto  II apresente um julgamento de  valor sobre a formação da  palavra sambódromo, o processo de  formação dessa palavra  reflete:
(A) o  dinamismo da  língua  na criação de novas palavras.
(B) uma nova realidade limitando o aparecimento de  novas palavras.
(C) a apropriação inadequada de mecanismos de  criação de palavras  por  leigos.
(D) o reconhecimento a impropriedade semântica dos neologismos.

(E)  a restrição na produção de novas  palavras com  o  radical  grego.


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