UNIDADE-
01
HISTÓRIA DA
LÍNGUA PORTUGUESA: FORMAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE UMA LÍNGUA NAVEGANTE
A
história da formação da língua portuguesa, sob o ponto de vista social e
cultural.
Para o presente
estudo, considerar-se-ão os seguintes pontos relevantes:
O contexto histórico de Roma;
A origem latina do português;
A expansão da língua portuguesa;
A transição do português arcaico para o contemporâneo;
A chegada e a fixação do português no Brasil
A origem latina do português;
A expansão da língua portuguesa;
A transição do português arcaico para o contemporâneo;
A chegada e a fixação do português no Brasil
A língua constitui um sistema vivo de comunicação que
privilegia a mútua compreensão e entendimento de um determinado povo. Ao
adentrar-se no estudo de uma língua, estudam-se os fatos do contexto histórico,
bem como os acontecimentos que promoveram, direta ou indiretamente, sua origem.
No que diz respeito à história da língua portuguesa, faz-se necessária uma
busca histórico-geográfica, desde sua origem até sua implantação no Brasil.
1- Das origens e formação da Língua Portuguesa
A origem da língua portuguesa está ligada ao latim – língua falada pelo povo romano, que se situava no pequeno estado da Península Itálica, o Lácio. A transformação do latim em língua portuguesa se deu por consequência de conflitos e transformações político-histórico-geográficas desse povo. Isso aconteceu por volta do século III a.C., quando os romanos ocuparam a Península Ibérica através de conquistas militares e impuseram aos vencidos seus hábitos, suas instituições, seus padrões de vida e, principalmente, sua língua, que reflete a cultura.
Existiam duas modalidades do latim: o latim vulgar e o latim
clássico. O vulgar, de vocabulário reduzido, falado por aqueles que encaravam a
vida fazendo uso de uma linguagem sem preocupações estilísticas na fala e na
escrita, dotado de variação linguística notável, uma vez que era uma modalidade
somente falada, sendo, pois, suscetível a frequentes alterações. Já o latim
clássico caracterizava-se pela erudição da oralidade e das produções textuais
de pessoas ilustres da sociedade e de escritores, sendo uma linguagem complexa
e elitizada. Das duas modalidades existentes, a que era imposta aos povos
vencidos era a vulgar, pois essa fora a língua predominante dos povos
navegantes que exploravam novas terras para novas conquistas.
Decorridos alguns séculos, o latim predominou sobre as
línguas e dialetos falados em várias regiões. Dessa maneira, formaram-se
diversas línguas dentro da região de domínio de Roma, ou seja, do Império
Romano, onde se originaram as línguas românicas, também chamadas de neolatinas,
(diz-se românicas todas as línguas que têm sua origem no latim e que ocupam
parte do território conquistado pelos romanos), das quais nossa língua
portuguesa é oriunda.
O português que se fala hoje no Brasil é resultado de muitas
transformações de acréscimos e/ou supressões de ordens morfológica, sintática e
fonológica.
Essas transformações passaram por três fases distintas: desde
o galego-português (língua que predominou nos séculos VIII ao XIII),
dissociando-se posteriormente do galego e dando, assim, surgimento ao português
arcaico (séculos XIV ao XVI), que, por conseguinte, tornou-se português
clássico (língua de Camões), perpassando ainda por outros dialetos até chegar
ao português contemporâneo brasileiro.
2-
Da implantação da Língua Portuguesa no Brasil
Portugal
ficou conhecido pelas grandes navegações que realizara. No século XV e XVI,
através dos movimentos colonialistas e de propagação do catolicismo, Portugal
espalhou pelo mundo a língua portuguesa. Como, então, chegou a este solo essa
língua navegante?
Ao Brasil, a Língua Portuguesa foi trazida no século XVI
através do “descobrimento”. O português era imposto às línguas nativas que
havia aqui como língua oficial ou modificava-se dando origem a outros dialetos.
Mas houve um longo processo para que o português se tornasse idioma reconhecido
por Portugal e se fixasse no território brasileiro.
Quando os portugueses desembarcaram na costa brasileira,
estima-se que havia aqui 1.200 povos indígenas, falantes de aproximadamente mil
línguas diferentes. Além dessa diversidade étnica e linguística, foram trazidos
ainda cerca de 4 milhões de africanos de diversas culturas para trabalhar como
escravos. Essa pluralidade linguístico-cultural fortaleceu as bases da
construção da identidade do português brasileiro. Isso se deu em detrimento dos
interesses políticos e comerciais de Portugal, que tomara algumas medidas
radicais, entre elas a proibição do uso das línguas gerais (diz-se da língua
falada no Brasil colonial como língua de contato entre índios, portugueses e
seus descendentes), e a imposição do português como língua oficial.
O contato entre indígenas, africanos e imigrantes vários que
vieram de algumas regiões da Europa favoreceu o chamado multilinguísmo.
Além da fase bilíngue pela qual passara o português, o multilinguísmo contribuiu
(e ainda contribui) para a formação identitária do português brasileiro.
Sabe-se, pois, que o léxico, por exemplo, de uma língua não é
estático, está aberto a novas incorporações: aceita o apagamento de algumas
palavras ou a substituição de outras. Esse fenômeno ocorreu, e ainda ocorre,
com muita frequência no nosso idioma português. As línguas indígenas, por
exemplo, contribuíram para o enriquecimento vocabular da botânica (nomes de
plantas), da fauna (nomes de animais), da toponímia (nomes de lugares) e da
onomástica (nomes de pessoas) do português do Brasil.
Justifica-se ainda o multilinguísmo com a forte influência
das línguas e dialetos africanos que chegaram ao Brasil, tal influência
incrementou, por exemplo, a linguagem religiosa do candomblé, uma manifestação
da cultura africana.
A implantação do português no Brasil é marcada por quatro
momentos distintos, períodos significativos para esse processo de implantação:
O primeiro momento vai da colonização até a saída dos holandeses do Brasil em 1654;
o segundo começa com a saída dos holandeses e vai até a chegada da família real
portuguesa ao Brasil em 1808; já o terceiro, finda com a independência do
Brasil em 1822. Por fim, o quarto momento se inicia 1826, com a transformação
da língua do colonizador em língua da nação brasileira.
O português brasileiro sofreu profundas mudanças para chegar
ao português que se fala hoje. Entretanto, ainda está num processo de
construção de sua própria identidade.
Referências Consultadas
BUENO,
Joaquim Silveira. Dicionário da língua portuguesa. São Paulo: FTD, 2000.
CÂMARA JR., Joaquim Matoso. História e estrutura da língua portuguesa. 2ed. Rio de Janeiro: Padrão, 1979.
HAUY, Amini Boainain. História da língua português: séculos XII, XIII e XIV. São
Paulo: Ática, 1989.
ILARI, Rodolfo. Linguística românica. 2ed. São Paulo: Ática, 1997.
MAIA, João Domingues. Português. São Paulo: Ática, 2000.
MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. Para a história do português brasileiro: primeiros estudos. São Paulo: USP, 2001.
TERSARIOL, Alpheu. Biblioteca da língua portuguesa. 7ª ed. São Paulo: Lisa, 1968.
VIEGAS, Rui. Da origem, formação e consolidação do português: breve história externa da língua portuguesa.
CÂMARA JR., Joaquim Matoso. História e estrutura da língua portuguesa. 2ed. Rio de Janeiro: Padrão, 1979.
HAUY, Amini Boainain. História da língua português: séculos XII, XIII e XIV. São
Paulo: Ática, 1989.
ILARI, Rodolfo. Linguística românica. 2ed. São Paulo: Ática, 1997.
MAIA, João Domingues. Português. São Paulo: Ática, 2000.
MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. Para a história do português brasileiro: primeiros estudos. São Paulo: USP, 2001.
TERSARIOL, Alpheu. Biblioteca da língua portuguesa. 7ª ed. São Paulo: Lisa, 1968.
VIEGAS, Rui. Da origem, formação e consolidação do português: breve história externa da língua portuguesa.
Exercícios sobre
história e origem da Língua Portuguesa
1)
Preencha a cruzadinha com línguas originadas do latim.
P
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O
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R
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T
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||||||||||||
U
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||||||||||||
G
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U
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Ê
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S
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2) Observe o grupo
de palavras e agrupe-as conforme a origem dos vocábulos:
Acarajé
farofa garrafa fubá
jabá laranja moqueca axé Iemanjá
macumba Xangô bobó café
enxaqueca esfirra
fulano Imbecil
Incesto Ônibus matraca Prematuro
ÁRABE
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AFRICANA
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INDÍGENA
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LATINA
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3) Indique, no mapa, os países que falam a Língua Portuguesa.
4) Leia com atenção os textos abaixo:
Texto I
Um ato de criatividade pode gerar um modelo produtivo. Foi o
que aconteceu com a palavra sambódromo, criativamente
formada com a terminação -(o)dromo (=corrida), que
figura em hipódromo, autódromo, cartódromo, formas que
designam itens culturais da alta burguesia. Não demoraram
a circular, a partir de então, formas populares como
rangódromo, beijódromo, camelódromo.
AZEREDO, J.
C. Gramática Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Publifolha,
2008
Texto II
Existe coisa mais descabida do que chamar de sambódromo uma
passarela para desfile de escolas de samba? Em grego, -dromo quer
dizer “ação de correr, lugar de corrida”, daí as
palavras autódromo e hipódromo. É certo que, às
vezes, durante o desfile, a escola se atrasa e é obrigada a
correr para não perder pontos, mas não se descoloca a velocidade de
um cavalo ou de um carro de Fórmula 1.
GULLAR, F. Disponível em:
www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 3 ago. 2012.
Há nas línguas
mecanismos geradores de palavras. Embora o texto II apresente um
julgamento de valor sobre a formação da palavra sambódromo, o
processo de formação dessa palavra reflete:
(A) o dinamismo da língua na criação de novas
palavras.
(B) uma nova realidade limitando o aparecimento de novas palavras.
(C) a apropriação inadequada de mecanismos de criação de
palavras por leigos.
(D) o reconhecimento a impropriedade semântica dos neologismos.
(E) a restrição na produção de novas palavras com
o radical grego.
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