terça-feira, 21 de abril de 2020


UNIDADE - 03

Variação linguística

As variações linguísticas são as mudanças que a língua apresenta dentro do seu próprio sistema. Ocorrem variações na língua porque a língua é usada por falantes inseridos numa sociedade complexa, formada por diferentes grupos sociais, com diferentes hábitos linguísticos e diferentes graus de escolarização.
O uso faz a regra e os falantes usam a língua de modo a suprir suas necessidades comunicativas, adaptando-a conforme suas intenções e necessidades. Assim, a língua portuguesa encontra-se em constante alteração, evolução e atualização, não sendo um sistema estático e fechado.
Tipos de variação linguística
As variações linguísticas ocorrem principalmente nos âmbitos geográficos, temporais e sociais.
01- Variações diatópicas
As variações diatópicas, também chamadas de variações regionais ou geográficas, são variações que ocorrem de acordo com o local onde vivem os falantes, sofrendo sua influência. Este tipo de variação ocorre porque diferentes regiões têm diferentes culturas, com diferentes hábitos, modos e tradições, estabelecendo assim diferentes estruturas linguísticas.
Exemplos de variações diatópicas
Diferentes palavras para os mesmos conceitos:
  • aipim, mandioca, macaxeira;
  • abóbora, jerimum, moranga;
  • sacolé, dindim, geladinho.
Diferentes sotaques, dialetos e falares:
  • dialeto caipira;
  • dialeto gaúcho;
  • dialeto baiano.
Reduções de palavras ou perdas de fonemas:
  • véio (velho);
  • muié (mulher);
  • cantá (cantar);
  • enxovar (enxoval).
02- Variações diacrônicas
As variações diacrônicas, também chamadas de variações históricas, são variações que ocorrem de acordo com as diferentes épocas vividas pelos falantes, sendo possível distinguir o português arcaico do português moderno, bem como diversas palavras que ficam em desuso.
Exemplos de variações diacrônicas
Palavras que caíram em desuso:
  • vossemecê;
  • botica;
  • comprir.


Grafias que caíram em desuso:
  • flôr;
  • pharmácia;
  • seqüencia.

Vocabulário e expressões típicas de uma determinada faixa etária:
  • Você é um chato de galocha!
  • Ele é maior barbeiro.
  • Vai catar coquinho.
03- Variações diastráticas
As variações diastráticas, também chamadas de variações sociais, são variações que ocorrem de acordo com os hábitos e cultura de diferentes grupos sociais. Este tipo de variação ocorre porque diferentes grupos sociais possuem diferentes conhecimentos, modos de atuação e sistemas de comunicação.
Exemplos de variações diastráticas
Gírias próprias de um grupo com interesse comum, como os skatistas:
  • Prefiro freestyle.
  • O gringo tem um carrinho irado.
  • O silk do skate tá insano.
Jargões próprios de um grupo profissional, como os policiais e militares:
  • Ele deu sopa na crista.
  • Vamos na rota dele.
  • Não mexe com meu peixe.
04- Variações diafásicas
As variações diafásicas, também chamadas de variações situacionais, são variações que ocorrem de acordo com o contexto ou situação em que decorre o processo comunicativo. Há momentos em que é utilizado um registro formal e outros em que é utilizado um registro informal.
Exemplos de variações diafásicas
Linguagem informal, considerada menos prestigiada e culta, usada quando há familiaridade entre os interlocutores da comunicação ou em situações descontraídas.
  • Fala, garoto! Beleza?
  • Rola um cinema hoje?
  • Cadê Pedro? Cê viu ele?
Linguagem formal, considerada mais prestigiada e culta, usada quando não há familiaridade entre os interlocutores da comunicação ou em situações que requerem uma maior seriedade.
  • Bom dia! Tudo bom com você?
  • Querem ir ao cinema hoje?
  • Onde está Pedro? Você viu-o?
Variação linguística e preconceito linguístico

O preconceito linguístico surge porque nem todas as variações linguísticas usufruem do mesmo prestígio. Algumas são consideradas superiores, mais corretas e cultas e outras são consideradas menos cultas ou mesmo incorretas.
Preconceito linguístico ocorre sempre que uma determinada variedade é referida com um tom pejorativo e depreciativo, estando associada a situações de deboche ou até de violência, o que contribui para a exclusão social de diversos indivíduos e grupos.
É urgente compreender e aceitar que todas as variedades linguísticas são fatores de enriquecimento e cultura, não devendo ser encaradas como erros ou desvios






Atividade 
1) Leia o texto com atenção:
De domingo

 — Outrossim?
— O quê?
— O que o quê?
— O que você disse.
— Outrossim?
—É.
— O que que tem?
—Nada. Só achei engraçado.
— Não vejo a graça.
— Você vai concordar que não é uma palavra de todos os dias.
— Ah, não é.Aliás, eu só uso domingo.
— Se bem que parece uma palavra de segunda-feira.
— Não. Palavra de segunda-feira é óbice.
— “Ônus.
— “Ônus” também. “Desiderato”. “Resquício”.
— “Resquício” é de domingo.
— Não, não. Segunda. No máximo terça.
— Mas “outrossim”, francamente…
— Qual o problema?
— Retira o “outrossim”.
— Não retiro. É uma ótima palavra. Aliás, é uma palavra difícil de usar. Não é qualquer um que usa “outrossim”.
                                                          (VERÍSSIMO. L.F. Comédias da vida privada. Porto  Alegre: LP&M, 1996). -No  texto,  há uma  discussão  sobre o uso de  algumas  palavras da língua portuguesa. Esse uso  promove o (a)
(A) marcação temporal, evidenciada pela presença de palavras indicativas dos dias da semana.
(B) tom humorístico, ocasionado  pela ocorrência de  palavras empregadas em  contextos  formais.
(C) caracterização da identidade linguística dos  interlocutores,  percebida pela recorrência de palavras regionais.
(D) distanciamento entre os  interlocutores,  provocado pelo  emprego de palavras com  significados poucos  conhecidos.
(E) inadequação vocabular, demonstrada pela seleção de palavras desconhecidas por  parte de  um dos   interlocutores do  diálogo.

2)Leia:
Texto I
Entrevistadora  — Eu  vou  conversar aqui  com  a  professora A.D. …O  português então   não  é  uma  língua  difícil?
Professora — Olha se  você  parte do princípio… que a  língua  portuguesa  não  é  só  regras  gramaticais… não se  você   se apaixona pela  língua que  você…  já  domina… que  você  já  fala ao  chegar na  escola se teu  professor  cativa você a  ler obras da  literatura…  obra da/ dos  meios de comunicação… se você tem acesso a  revistas… é…  a  livros  didáticos… a… livros de  literatura  o mais  formal o  e/ o  difícil é  porque  a  escola  transforma como  eu  já  disse as  aulas de  língua  portuguesa  em análises  gramaticais.
Texto II
Professora — Não, se  você parte do princípio que  língua  portuguesa não  é  só  regras  gramaticais. Ao chegar à escola, o aluno   já domina e   fala a  língua. Se o  professor  motivá-lo a  ler  obras  literárias e se tem acesso a  revistas, a  livros didáticos, você se  apaixona  pela  língua. O  que  torna  difícil é  que a escola  transforma as  aulas de  língua  portuguesa em análises  gramaticais.
(MARCUSCHI,  L. A. Da  fala para  a escrita: atividades de  retextualização. São  Paulo: Cortez, 2001)

-O  texto  I  é  a  transcrição de entrevista  concedida por   uma professora de  português a  um programa de  rádio. O texto II é  a adaptação dessas  entrevista para a modalidade escrita. Em comum, esses  textos:
(A) apresentam ocorrências de  hesitações  e reformulações.
(B) são  modelos de  emprego de regras gramaticais.
(C) são exemplos de uso  não  planejado da língua.
(D) apresentam marcas da linguagem  literária.
(E) são  amostras do  português  culto  urbano.

                                                                                                                                                                             
3) Observe com atenção:
Mandinga — Era a denominação que, no  período das  grandes  navegações, os  portugueses davam à  costa ocidental da  África. A  palavra se tornou sinônimo  de feitiçaria porque os  exploradores  lusitanos consideram bruxos  os africanos que ali  habitavam — é que eles davam  indicações sobre a  existência de ouro na região. Em idioma nativo, manding designava terra de  feiticeiros. A palavra acabou  virando sinônimo de feitiço, sortilégio.
(COTRIM, M. O  pulo do gato 3.  São  Paulo: Geração Editorial, 2009. Fragmento)
No  texto,  evidencia-se que a construção do significado da palavra  mandinga resulta de um (a)
(A) contexto sócio-histórico.
(B) diversidade técnica.
(C) descoberta geográfica.
(D) apropriação religiosa.
(E) contraste cultural.

04) Leia:
PINHÃO sai ao  mesmo tempo que BENONA entra.
BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e  quer  falar  com  você.
EURICÃO: Benona, minha  irmã, eu  sei  que ele  está   lá  fora, mas não  quero falar com ele.
BENONA:  Mas, Eurico, nós lhe devemos  certas  atenções.
EURICÃO: Passadas para  você, mas  o  prejuízo foi  meu.  Esperava que  Eudoro, com todo aquele  dinheiro, se tornasse meu  cunhado. Era  uma boca a  menos e  um patrimônio a mais. E o peste me traiu. Agora, parece que  ouviu  dizer que eu  tenho  um tesouro. E vem   louco atrás dele, sedento, atacado da  verdadeira  hidrofobia. Vive farejando  ouro, como  um cachorro  da  molest’a, como  um urubu, atrás do  sangue dos outros. Mas ele  está enganado. Santo  Antônio  há de  proteger minha pobreza e  minha  devoção.
                                                       (SUASSUNA, A.   O  santo e  a porca. Rio de  Janeiro: José Olimpyio, 2013)
-Nesse texto teatral, o  emprego das  expressões “o peste” e  “cachorro da  molest’a” contribui para
(A) marcar  a classe social das personagens.
(B) caracterizar usos  linguísticos de  uma região.
(C) enfatizar a  relação familiar entre as  personagens.
(D) sinalizar a  influência do  gênero nas  escolhas vocabulares.
(E) demonstrar o  tom autoritário da fala de  uma das personagens.

5) Diga se as frases são exemplos de registro coloquial, culto ou popular.
a) Traga o prato pra mim comer. ______________________________
b) “Quando oiei a terra ardendo / Quá foguera de são João.” ____________________
c) Qué apanha, sordado? Qué apanhá?______________________________________
d) Dê-me um cigarro / Diz a gramática /Do professor e do aluno / E do mulato sabido. _______________
e) Me perco nesse mar de solidão.________________________________
d) Cem mil pessoas morreram. __________________________________
g) A gente não sabe mais o que fazer. ____________________________

4) Qual variedade linguística (culta ou coloquial) podemos ou devemos usar nas seguintes situações?
a) Falando em público sobre o meio ambiente __________________
b) Numa mensagem de celular para um amigo. _________________
c) Numa mensagem de celular para seu professor de português._______________
d) Numa carta de reclamação para a presidente Dilma._______________________
e) Numa conversa entre amigos. _________________________________________
f) Num debate ou conferência sobre o Bullying. _____________________________
g) Num bilhete para sua mãe. ___________________________________________
h) Numa redação solicitada pelo professor de português.______________________


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